Harmonizando Gastronomia Brasileira

Segue coluna publicada recentemente na Zero Hora On Line (de nossa autoria!) sobre Gastronomia Brasileira e Vinhos!!


(vinhedos no Vale do Rio São Francisco, foto de Maria Amélia Duarte Flores)



Harmonizando a gastronomia brasileira

Feijoada – harmonizar uma feijoada não é tarefa simples, devido a quantidade de elementos mesclados, servidos junto com o feijão. A gordura está presente, sabores ácidos, além dos contrastes de texturas e temperaturas. Há duas possibilidades: um espumante bem encorpado, cuja acidez seja bem evidente, como os de pequena produção da Serra Gaúcha. Outra alternativa é um tinto de muita estrutura tânica, como Tannat.

Arroz Carreteiro/Charque – o prato tradicional do Rio Grande do Sul pede vinhos gaúchos. O Carreteiro pode ser um prato leve, cujo sabor mais evidente é o da carne (charque) ou dos temperos utilizados. A sugestão é um vinho de médio corpo, com graduação alcoólica moderada. Caso opte por um branco, sugerimos um Chardonnay com passagem por madeira; no caso de tinto, um bom Merlot, destes fáceis de encontrar e bom preço, é alternativa.

Frango com Quiabo – as comidas de raiz, “buteco”, estão na moda. Não são de fácil harmonização, pois mesclam muitos sabores fortes e contrastantes. Ao mesmo tempo que Frango é uma ave, carne leve, os temperos utilizados no molho o deixam mais picante, com o toque de amargor do quiabo. Como vinho branco, sugerimos optar por um Gewurztraminer, cada vez mais cultivado na Campanha Gaúcha ou até um Espumante Moscatel Brasileiro, pois a sensação de doçura contrasta bem com a intensidade dos demais sabores. No caso de tinto, um Syrah elaborado no Vale do Rio São Francisco, com sua leveza e aromas de especiarias, é a pedida.
Moqueca Capixaba – a moqueca é um dos pratos mais consumidos no litoral brasileiro. E todo seu leque de sabores, desde o peixe, os condimentos, azeites, uso de leite de côco ou não, pede um vinho que tenha estrutura e delicadeza. A harmonização perfeita é com um grande Chardonnay, que passe por barrica e tenha boa acidez, como os vinhos premium de altitude da Serra Catarinense.

Dourado (peixes de rio) – Outra das iguarias brasileira são os peixes de rio. Variados, belíssimos, são os expoentes dos novos chefs, que abusam da criatividade com uso de molhos cítricos (como pequi, no caso de Alex Atala) no preparo destas maravilhas. A melhor harmonização é o Espumante Brasileiro (muitas vezes já usado no próprio molho do prato). O perlage, o bom corpo e acidez evidenciam os sabores intensos da carne do peixe de rio, trazendo também as notas frutadas tão agradáveis na combinação com o molho.

Churrasco – a comida da família, do compartilhar. No Brasil a turma se acostumou a combinar com cerveja pela facilidade de consumo, da sensação de gelado e amargor intenso junto com a gordura das carnes. A harmonização com o vinho potencializa muito mais os sabores: um Cabernet Sauvignon, Tannat ou Merlot, principalmente da Campanha Gaúcha, cuja estrutura é boa, graduação alcoólica levemente alta (13ºGL) e um toque de aromas de frutas vermelhas são a combinação sugerida. Para refrescar, no início um bom espumante harmoniza bemcom os aperitivos, conforme sugestão do conhecedor do assunto, Roberto Vianna Jr.
Galeto típico italiano (de influência da imigração italiana) – o prato facilmente encontrado em restaurantes de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi é um ícone em gastronomia de memória. Combina bem até com suco de uva, pois muitas pessoas cresceram consumindo estes pratos com suco e a sensação os remete à infância. Um vinho de médio corpo, como Pinot Noir, ou até o tradicional vinho caseiro amplamente elaborado na região são a pedida para compartilhar a mesa em família.

Carne de Bode – esta iguaria nordestina tem sabores fortes, marcantes, além dos condimentos. Geralmente é consumida em regiões quentes. Um vinho tinto que tenha corpo, não agressivo, bem aromático, é a sugestão. Um exemplo são os vinhos de variedades italianas como Ancelota, com aromas frutados bem intensos, ou Syrah do Vale do Rio São Francisco, são a pedida, podendo ser consumidos até refrescados.

Tainha/Anchova – prato típico das zonas litorâneas do sul do Brasil, são amplamente consumidos tanto no verão quanto nas festas temáticas. Vinhos brancos de boa acidez e aromas bem cítricos, como Sauvignon Blanc, da Serra Catarinense, faz o par com esta iguaria. Caso o molho e acompanhamento sejam mais intensos, opte por um Chardonnay.

Moqueca de Camarão – outra variação da moqueca encontrada pelo litoral são as elaboradas com base em camarões. O tom rosado, molho denso, lembra gastronomia thai, pedindo um vinho rosé. Novidades encontradas na Campanha Gaúcha, bem como espumantes Rosés são a harmonização ideal. Os aromas delicados de frutas vermelhas, a moderada acidez e sensação refrescante pedem sempre mais uma taça!

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