Vinhos Biodinâmicos | Saiba mais


Revisando meus arquivos, encontro esta coluna escrita em 2009, sobre Biodinâmicos!
Divirtam-se!!

Vinhos Biodinâmicos


Inexplicáveis, únicos, artesanais, estranhos, são muitas as formas que os apreciadores descrevem vinhos deste movimento, que cada dia ganha mais força. O termo vem grego bio(vida), e dunamis (força); a biodinâmica é a "força da vida", "teoria das forças vitais". Os adeptos entendem a biodinâmica como uma maneira de estar e sentir agricultura e vida como parte integrante de um ecossistema com extensão cósmica, mais do que uma ciência aplicada. Tem o pensamento mais radical que o orgânico, mas a mesma origem: o excesso de química do século XX aumentou a produção, destruindo pestes, mas também destruiu ecossistemas e, assim, o terroir, segundo os seguidores da teoria. 


Várias práticas biodinâmicas nascem em agriculturas primitivas proibidas pela Inquisição, vistas como bruxarias, como o calendário lunar e marés. Steiner organizou conceitos, agregando o lado filosófico e esotérico da questão. Uma das diferenças essenciais entre orgânicos e biodinâmicos é o tempo do plantio, regulado conforme as fases da lua. Além de uma teoria ou prática, o biodinamismo é também um estilo de vida da maioria dos viticultores que o seguem; uma forma de viver vinculado a natureza e energias do universo. 
(Vinhedo Coulee de Serrant, Savennieres, Vale Loire, França)

Estes agricultores tem por objetivo fazer que os solos onde haja qualquer tipo de plantio ganhem a vida natural, original. Para começar a transição, primeiramente, necessita-se um cultivo orgânico ou biológico. Além disto, o biodinamismo considera a polaridade dos seres vivos, equilíbrio entre forças materiais da terra e forças energéticas: a influência do sol, lua e outros astros, mínimo de interferência humana, nada de química. Acredita-se que esses vinhos potencializem o terroir, em aromas, sabores e longevidade, sem filtros de defeitos. Não precisa ser bom, tem que ser verdadeiro. 
(Maria Amélia com Jean Michel Deiss, Alsacia, França) 

Ao questionar Jean Michel Deiss, um dos ícones biodinâmicos da Alsácia, sobre qualidade de safras, o mesmo afirmou: “não há safras boas ou ruins, são as formas de expressão da natureza em cada ano, em cada momento. O agricultor deve compreender a essência da vida e ajudar esta reconstrução. Se a natureza é agredida, ela responde.” 



O movimento é liderado atualmente pelo francês Nicolas Joly, que organiza e e incentiva os produtores nas diferentes regiões do mundo a fazer "La Renaissance de Appellations" - o Renascimento do Terroir. O biodinamismo deve ser visto de forma séria pelos consumidores e produtores; não pode ser marketing ou moda. 
(Com Nicolas Joly no vinhedo Coulee de Serrant, 2011)

Vale ressaltar o trabalho da Avondale, na África do Sul, que substitui o controle químico e fertilizantes por criação de patos nos vinhedos: se alimentam das pragas, além de equilibrar o solo com o esterco, tudo em harmonia. O resultado são vinhos surpreendentes e muito equilibrados. 

A magia está em que o biodinâmico sabe que não se desenvolve sozinho, quer que toda a região desenvolva: se o vizinho segue aplicando defensivos, a chuva arrasta, as aves se contaminam. É preciso mudar todo o pensamento de uma região, cada um fazendo a sua parte, não só preservando a si mesmo, a natureza, como a identidade do lugar.

(coluna publicada em 2009)

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