VINUM REGUM, REX VINORUM

Caros leitores!!
Para comemorar os 20 000 acessos no blog, vou reproduzir uma das colunas "especiais" que publicamos na Zero Hora, aquela que fica na memória, dos vinhos favoritos.

É um brinde que ofereço a vocês neste dia tão único, onde começamos a segunda parte do ano de 2012!

Dedicada especialmente a minha turma das viagens!!

(coluna publicada no Caderno de Gastronomia - Jornal Zero Hora - setembro de 2009)

VINUM REGUM, REX VINORUM
Tokaji, o vinho dos reis

Mítico, exótico, único: não há como definir a importância e a magia de uma bela taça de Tokaji. Símbolo da Hungria, é um vinho que atravessa séculos e tornou-se um dos preferidos de importantes czares, reis e rainhas: tudo começa em 1562, quando o Cardeal Draskovics presenteia Pio IX com uma garrafa deste néctar. A fama internacional começa a surgir. Citado em filmes, livros, é sempre curioso, único. Suas notas doces, os toques do terroir são inesquecíveis e fazem com que cada garrafa tenha uma longa vida, ainda em estudos. O período comunista fez com que Tokaji perdesse um pouco de sua identidade, cujo movimento pela sua recuperação é hoje um grande trabalho guiado por vários especialistas. Um dos grupos investidores é a família Vega Sicilia, proprietária de um dos melhores vinhos do mundo e da Espanha, hoje detentora da propriedade Oremus.

(recente jantar com os amigos dos grupos de viagem, onde um dos participantes gentilmente nos brindou com este presente único!!)

A Hungria, este pequeno país, cuja produção de vinhos até poucos anos atrás era controlada em absoluto pelo governo, possui um dos mais interessantes processos de elaborar esta bebida, técnicas que aliam botrytis, seleção de grãos e um ótimo equilíbrio climático, tudo para nascer as jóias de Tokaji. O vinho surge na região vizinha a Eslováquia e Ucrânia, onde as noites são muito frescas, há uma neblina matinal, protegendo do sol mais intenso e um dia de temperaturas agradáveis. A paisagem imita o Rio Douro, são cerca de 4000 hectares plantados às margens do Rio Bodrog, próximo aos montes Cárpatos. Estas condições são perfeitas para que a Botrytis Cinerea, fungo que causa a Podridão Nobre desenvolva-se com plenitude, o que traz aromas delicados que lembram a mel, avelãs e frutos secos.

As barricas de carvalho utilizadas são procedentes das florestas locais. Em Tokaji, as uvas cultivadas são autóctones: Furmint, Harslevelu, Muskotály e Zéta, todas brancas. O fantástico processo deste vinho inicia na própria colheita: uma pequena tina de madeira chamada puttonyo, de capacidade aproximada de 20 a 25 kilos, é utilizada não só para colher, mas também como medida de qualidade: as uvas são colhidas grão a grão, somente os que sejam atacados por botrytis. São levadas até a vinícola, onde forma no próprio recipiente uma massa botrytizada, que eles denominam "Aszu"; esta é mesclada a uma quantidade de vinho de Tokaji branco seco, já pronto, onde passa a ocorrer uma nova fermentação. A classificação se dá pelo número de puttonyos desta seleção de uvas adicionados a cada 136 litros de vinho seco, ou seja, quanto maior este número, mais especial e caro será o futuro vinho.

Destaque absoluto para o Tokaji Eszencia, que surge exclusivamente do líquido natural que escorre da massa "Aszu" das melhores safras: muito raro, nada mais é do que o sumo escorrido, envelhecido por quatro a cinco anos em barricas e engarrafado, podendo ter mais de 500 gramas por litro de açúcares naturais. Em participação no evento "Vamos a Montanha", de Campos do Jordão, tive a honra de poder degustar Tokaji's de 3, 4, 5 e 6 Puttonyos, além de um Chateau Pajzos Eszencia 1993, um vinho que pode durar mais de cem anos. São muito interessantes, perfeitos para acompanhar sobremesas ou fazerem por si este papel. O excelente equilíbrio de acidez, a doçura e a complexidade do aroma tornam cada taça uma experiência, uma prova de que o homem com muita sensibilidade e cuidade consegue transformar as dádivas da natureza em verdadeiras obras de arte para os cinco sentidos.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Enomatic

Sabores de Verão - Koh Pee Pee, Champagne, Chez Philippe - Ano 7

A arte de fazer um grande queijo | Visita a Raul Anselmo Randon | Vacaria